Entre maio e setembro, as ruas e calçadas ficam repletas de flores roxas que formam uma espécie de tapete, cenário perfeito para tirar uma foto e postar na rede social. É neste período do ano que o ipê-roxo floresce e pode ser encontrado em todo o país.
Porém, a beleza da árvore é apenas um detalhe perto dos benefícios da planta. Os povos incas e astecas, por exemplo, conheciam os poderes de cura do ipê-roxo e os xamãs da floresta amazônica utilizavam a planta no tratamento de várias doenças.
Quem só presta atenção nos ipês quando eles estão floridos não imagina os benefícios desta planta conhecida popularmente por ter efeitos anticancerígenos. Com propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e antibióticas, a planta é tema de muitas pesquisas científicas, mas será que o ipê roxo pode combater o câncer e substituir os tratamentos convencionais? Apesar dos estudos científicos fortalecerem os benefícios farmacológicos da planta, não há dados suficientes que comprovem a eficácia do ipê roxo como tratamento quimioterápico
O Instituto Nacional do Câncer Norte-Americano (NCI), analisou pacientes que fizeram uso do lapachol, uma das substâncias mais conhecidas do ipê-roxo. Porém, os pacientes tiveram efeitos colaterais e a pesquisa foi abandonada. Na década de 1960, outros estudos concluíram que o lapachol, para ter efeito, deveria ser administrado em uma alta dosagem, o que torna a substância tóxica (1).
Apesar disso, você pode aproveitar outros benefícios da planta.
A casca interna do ipê-roxo é rica em flavonoides, saponinas e também contém glicídios, proteínas, lipídios, vitaminas e sais minerais. Outra substância presente no ipê é o lapachol, com ação anti inflamatória, analgésica, antiviral, antifúngica, antioxidante, antibiótica e antineoplásica.
A espécie também é rica em quinonas, naftoquinona, taninos e flavonoides. Estudos também identificaram a presença de ácidos graxos saturados e insaturados, ácido esteárico, ácido linoleico e ácido oleico (2).
O lapachol, presente no ipê-roxo, tem atividade antimicrobiana e atua contra bactérias e alguns microrganismos. A atividade fungicida demonstrou ser maior que a exercida pelo cetoconazol, um medicamento antifúngico encontrado em farmácias (3).
Estudos científicos demonstram que o tratamento com lapachol pode combater a sinusite. A comprovação veio de um estudo feito com pacientes adultos que estavam com sinusite e que já haviam utilizado antibióticos, descongestionantes ou anti-inflamatórios. Quando receberam tratamento com lapachol, 92% dos casos de sinusite foram curados (4).
O ipê-roxo pode ser usado topicamente nas infecções dérmicas, limpeza, desinfecção de feridas, queimaduras e em micoses de pele como a candidíase. Estudos científicos demonstram que a atividade antifúngica do lapachol está ligada à interação da substância com a membrana celular desses organismos (5).
O lapachol também inibe o crescimento de queratinócitos humanos, isso significa que se torna um composto que pode ajudar no combate a psoríase (6).
Estudos mostram que a casca do ipê-roxo tem substâncias que ajudam no aumento de glóbulos vermelhos do sangue e, consequentemente, na oxigenação do corpo (7).
Da casca do ipê-roxo podem ser feitas garrafadas e chás, além de alguns medicamentos manipulados. Confira dicas para aproveitar os benefícios da planta.
Da casca podem ser feitos chás, xaropes e garrafadas. O uso mais comum é na forma de chá, feito por infusão da entrecasca seca e pulverizada. A entrecasca não deve ser extraída de qualquer árvore encontrada nas ruas ou nos jardins, mas pode ser comprada facilmente em farmácias de manipulação. Depois de feito, o chá deve ser consumido no máximo em 12 horas (8).
O lapachol na forma de cápsulas foi fabricado e comercializado pelo Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) para tratamento de certos tipos de câncer. A cápsula não está mais disponível no mercado.
Comercialmente, ainda podem ser encontradas cápsulas derivadas de propriedades da casca da planta. Porém, até o momento, não foram encontrados medicamentos fitoterápicos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que contêm derivado vegetal ou droga vegetal da planta (9).
Duvido que você imaginava que o ipê-roxo teria tantos benefícios. Agora, além de postar a foto da árvore na rede social, você pode aproveitar os efeitos farmacológicos da planta.
Mesmo com os inúmeros benefícios, é importante ficar atento às contraindicações e aos efeitos colaterais do uso do ipê-roxo.
Além da beleza da árvore, o ipê-roxo tem muitos benefícios farmacológicos e outras formas de consumo que muitas pessoas ainda desconhecem. Porém, como qualquer substância, a planta deve ser usada com muito cuidado. A sugestão é não exagerar no consumo e prestar atenção nos efeitos bons ou ruins que a planta pode trazer para a sua saúde.
As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.