Vitamina C previne gripes e resfriados: mito ou verdade?

Foto: iStock


Gripes e resfriados são doenças virais muitos comuns, pois a transmissão ocorre principalmente pela tosse e espirro, que podem disseminar no ar partículas contaminadas. No entanto, é preciso ter cuidado e tratá-las de forma adequada para evitar o surgimento de problemas mais graves nas vias respiratórias.
Por ano, 650 mil mortes são associadas com a gripe, de acordo com um levantamento da Organização Mundial da Saúde (1). A incidência de óbito é maior entre pessoas com mais de 75 anos e aquelas que vivem em regiões mais pobres.
No mundo, a doença já provocou três grandes pandemias, sendo a mais grave conhecida como gripe espanhola, entre 1918 e 1919. Mesmo com tantos avanços na medicina, não é possível afirmar que estamos imunes a ocorrência de novas pandemias.
Além disso, inúmeros tratamentos e remédios já foram desenvolvidos. Embora algumas soluções possam frear a disseminação e amenizar os sintomas, ainda não existe cura para a doença. Mesmo assim, muitas pessoas utilizam a vitamina C para gripe e resfriados.
Mas, será que ela é realmente efetiva? Abaixo, vamos tentar responder essa pergunta.

O que é a vitamina C?

Foto: iStock


A vitamina C, também chamada de ácido ascórbico, tem como principal função no organismo atuar na formação de colágeno. Essa proteína garante que os ossos, tendões e as paredes dos vasos sanguíneos sejam resistentes.
O uso da vitamina C para gripe e resfriados se tornou popular por volta da década de 1970, depois da publicação do livro “Vitamina C – Gripes e Resfriados”, escrito pelo químico norte-americano Linus Pauling.
Pauling indicou que elevada doses de vitamina C poderiam curar diversos problemas, incluindo câncer. No entanto, hoje os cientistas já indicam que as pesquisas feitas por ele apresentaram incoerências e, na verdade, não existem evidências que comprovem a capacidade curativa da substância.

A vitamina C contra gripes e resfriados funciona?

Foto: iStock


Não exatamente. Uma análise de 29 estudos sobre o assunto, que foram feitos com cerca de 11.300 participantes, revelou que o consumo de 200 mg ou mais de vitamina C não reduz as chances de ficar gripado ou resfriado (2).
Por outro lado, a vitamina C pode auxiliar a reduzir os sintomas e a duração da gripe, principalmente em crianças e idosos, dois grupos que sofrem mais com os efeitos da doença.
A mesma análise indicou que uma dose com cerca de 1 ou 2 gramas da substância seria suficiente para diminuir a duração da gripe, em média, em 18% das crianças. Outra pesquisa identificou que entre 6 a 8 gramas seriam efetivas para adultos (3). A vitamina C também parece ter um efeito maior em pessoas que praticam exercícios intensos, como em maratonistas, por exemplo.
Essas medidas são bem menores do que a recomendada no livro de Pauling; para prevenir a gripe, o pesquisador sugeriu a ingestão de 18 mil mg ou mais diariamente. A dosagem é muito maior do que a recomendada pelo National Institutes of Health nos EUA, que é de 75 mg para mulheres e 90 mg para homens (4).

Como obter vitamina C e quais os benefícios dela?

Foto: iStock


A vitamina C está presente em diversas frutas e vegetais, como laranja, limão, acerola, espinafre, brócolis e couve. É comum também encontrá-la em suplementos, seja sozinha ou com certos tipos de minerais, como o zinco.
Porém, com uma alimentação saudável é possível adquirir a dose diária recomendada. A suplementação somente deve ser usada para casos específicos e sob orientação de um profissional.
Diversos benefícios são atribuídos à vitamina C. Por ser rica em antioxidante, ela auxilia o sistema imunológico, fortalecendo as defesas naturais do organismo. Alguns estudos mostram que consumir a vitamina C aumenta em 30% os níveis de antioxidantes no sangue (5, 6).
Existem indicativos de que a substância também favorece a saúde do coração. Uma análise de nove estudos, feitos com cerca de 290 mil participantes, mostrou que, após 10 anos, pessoas que fizeram uso de 700 mg de vitamina C diariamente tinham um risco 25% menor de desenvolver doenças cardíacas em comparação com aqueles que não utilizaram (7).
Além disso, alguns estudos buscam identificar a influência da vitamina C contra a demência, condição que afeta o pensamento e a memória. Níveis baixos da substância estariam associados com uma maior dificuldade de pensar e lembrar (8, 9).
Por esse motivo, seria indicado manter os níveis de vitamina C equilibrados, seja por meio da alimentação ou suplementação. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para que seja possível compreender melhor o impacto da vitamina na saúde do sistema nervoso (10).

Quais são as formas de evitar a gripe e o resfriado?

Foto: iStock


As gripes e os resfriados são doenças comuns e que atingem as pessoas algumas vezes durante o ano, especialmente quando o tempo está mais seco e esfria, situações em que podemos preferir ficar em locais mais fechados.
Mesmo que o uso da vitamina c para gripe e resfriados não seja cientificamente comprovado, existem algumas recomendações para evitar esses dois problemas ou amenizar os sintomas, por exemplo:

  • ter uma alimentação equilibrada, priorizando o consumo de frutas e vegetais variados
  • beber cerca de 8 copos de água por dia, aproximadamente 2 litros
  • dormir bem, por pelo menos 8 horas todas as noites
  • tomar anualmente a vacina contra gripe, indicado principalmente crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios ou doenças que afetam a imunidade
  • manter uma boa higiene, lavando as mãos e tapando a boca ao tossir ou espirrar

Além de colocar as dicas acima em prática, é importante não fazer uso de remédios sem orientação médica. Se houver a ocorrência de febre alta, fraqueza, calafrios e forte dor de garganta a indicação é ir ao hospital e consultar um especialista.
Por fim, se o objetivo é ajudar a manter a imunidade alta, a vitamina C pode ser um grande aliado. Mas, a melhor forma de consumi-la é por meio da alimentação, fazendo uso de produtos frescos. Assim, vale a pena manter o hábito de tomar um chazinho com limão ou utilizar a fruta para temperar preparações quentes ou saladas.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.