Muita gente pensa que hortelã e menta são a mesma coisa. Apesar de serem semelhantes, elas são de diferentes espécies, mas por pertencerem ao mesmo gênero, o Mentha, possuem um aspecto muito parecido.
No entanto, elas têm diferenças que vão desde o formato das folhas ao sabor. A menta, também conhecida como Mentha Spicata, possui um sabor bem mais suave, folhas alongadas e largas.
Já a hortelã, possui um sabor mais intenso, picante, tem as folhas estreitas, compridas, com a ponta afiada. É chamada cientificamente de Mentha Piperita e popularmente de hortelã-pimenta.
Além do sabor que acrescentam a diferentes alimentos, as duas também contribuem para manter a saúde em equilíbrio. Neste artigo abordamos os benefícios proporcionados pela hortelã, sugestões de como usá-la no dia a dia e as possíveis contraindicações.
Mesmo consumida em pequenas quantidades, a hortelã contém uma variedade de nutrientes importantes para garantir mais saúde ao organismo. Em apenas 14 g da erva (cerca de 1/3 de uma xícara) estão presentes (1):
*IDR – Ingestão diária recomendada
Por seu sabor acentuado, a hortelã é adicionada a receitas em pequenas quantidades, o que torna mais difícil o consumo de 14 g e um melhor aproveitamento dos nutrientes dela. No entanto, é possível adicioná-la em maiores quantidades em pratos como saladas, por exemplo.
Ela é uma fonte particularmente boa de vitamina A, uma vitamina lipossolúvel que é essencial para a saúde ocular, além de garantir melhor visão noturna (2).
É ainda rica em antioxidantes, especialmente quando comparada a outras ervas e especiarias, contribuindo, portanto, para proteger as células contra os radicais livres, retardando, ao mesmo tempo, o processo de envelhecimento (3).
Um distúrbio que ocorre no sistema digestivo, a Síndrome do Intestino, SII, é bastante comum e afeta um grande percentual da população mundial. É caracterizada por sintomas tais como dor de estômago, gases, inchaço e alterações nos hábitos intestinais.
Embora o tratamento geralmente inclua mudanças na dieta alimentar, além do uso de medicamentos, diversos estudos demonstram que o óleo de hortelã-pimenta pode ajudar muito. Ele contém um composto conhecido como mentol, que contribui para aliviar os sintomas, relaxando os músculos da região intestinal (4, 5).
Uma revisão de nove estudos, que teve a participação de mais de 700 pacientes com SII, constatou que a ingestão de cápsulas desse óleo melhorou significativamente os sintomas (6).
Outro estudo demonstrou que 75 % dos pacientes que tomaram óleo de hortelã-pimenta durante quatro semanas apresentaram melhoras nos sintomas da SII, em comparação com 38 % dos pacientes que tomaram um placebo (7).
A maioria das pesquisas, no entanto, utilizou as cápsulas de óleo e não as folhas da planta.
A hortelã também pode ser eficaz para aliviar sintomas de problemas digestivos, como dores de estômago e indigestão.
Um dos motivos que provocam a dispepsia, ou indigestão, é o longo tempo que o alimento permanece parado no estômago, antes de percorrer o caminho necessário para o processo digestivo.
Vários estudos demonstraram que a ingestão do óleo de hortelã-pimenta durante as refeições, contribui para que os alimentos passem mais rapidamente pelo estômago, aliviando os sintomas provocados pela indigestão (8, 9).
Um deles, realizado com pessoas que sofriam com essa condição, constatou que associação de cápsulas desse óleo com cápsulas do óleo de cominho, demonstrou efeitos semelhantes aos dos medicamentos usados para tratar a indigestão, contribuindo para melhorar os sintomas (10).
Esses estudos também utilizaram as cápsulas, em vez de folhas frescas ou secas.
A inalação dos óleos essenciais produzidos a partir da hortelã, também pode proporcionar benefícios para a saúde, incluindo a cerebral, beneficiando particularmente as funções cognitivas.
Em um estudo, 14 jovens inalaram o óleo essencial de hortelã-pimenta por mais ou menos cinco minutos antes de um teste e constataram melhoras significantes na memória (11).
Outro, descobriu que a inalação do óleo, ao mesmo tempo que estimula o estado de alerta, diminui os níveis de ansiedade e fadiga (12).
No entanto, nem todos os estudos concordam que o óleo essencial de hortelã pode beneficiar as funções cognitivas. Um deles, por exemplo, constatou que, embora o aroma fosse revigorante e proporcionasse menos fadiga, não afetava o funcionamento cerebral (13).
Ainda é necessário investigar melhor os benefícios que a hortelã pode proporcionar para a saúde do cérebro e seus efeitos para as funções cognitivas.
Durante o período da amamentação, os mamilos podem ficar doloridos e rachados, dificultando o processo. Diferentes estudos demonstram que a aplicação da hortelã no local pode ajudar a aliviar os sintomas e tratar a pele.
Neles, o óleo essencial de hortelã-pimenta foi aplicado pelas mães que amamentavam de diferentes formas no local, após cada mamada. Ele foi usado sozinho, diluído em água ou gel.
Um deles demonstrou que a aplicação do óleo diluído em água após a amamentação foi mais eficaz do que a aplicação de leite materno para prevenção de rachaduras, o que resultou em menos dor nos mamilos (14).
O resultado semelhante de outro estudo, demostrou que apenas 3,8 % das mães que aplicaram gel de hortelã tiveram rachaduras nos mamilos, em comparação com 6,9 % das que usaram lanolina e 22,6 % das que usaram um placebo (15).
Além disso, um estudo adicional constatou que tanto a dor quanto a gravidade das fissuras diminuíram nas mães que aplicaram óleo essencial após cada mamada (16).
Muitos tratamentos contra gripe e resfriados vendidos sem receita médica contêm mentol, um composto primário do óleo de hortelã-pimenta. Ele é principalmente usado como um descongestionante nasal, ou seja, para eliminar o congestionamento e melhorar o fluxo de ar e a respiração.
No entanto, vários estudos constataram que ele não tem função descongestionante. Eles demonstram, entretanto, que o mentol pode causar uma sensação subjetiva de melhora (17, 18). Ou seja, embora ele não funcione como um descongestionante, proporciona a sensação de respirar com mais facilidade e, por isso, um certo alívio para os sintomas de resfriados ou gripes.
Balas de sabor hortelã ou menta, estão entre as preferidas para evitar ou acabar com o mau hálito. Entretanto, apesar de serem eficientes para isso, elas não combatem as bactérias que causam a condição: o efeito dura apenas algumas horas e o mau hálito é somente mascarado (19, 20).
Por outro lado, beber chá de hortelã-pimenta com frequência e criar o hábito de mastigar as folhas frescas, demonstrou ser eficaz não apenas para evitar e acabar com o mau hálito, mas também para eliminar as bactérias. A propriedade antibacteriana da hortelã foi constatada por alguns estudos realizados em laboratórios (21).
A hortelã-pimenta é utilizada ainda há muito tempo pela medicina natural, para aliviar sintomas provocados por diversas condições, embora não existam evidências que comprovem sua eficácia nessas situações. Veja abaixo:
É usada para o resfriado comum, tosse, inflamações da boca e garganta, infecções sinusais e respiratórias, para problemas digestivos, incluindo azia, náuseas, vômito, enjoo matinal, diarreia e supercrescimento bacteriano do intestino delgado.
Também é comum o seu uso para problemas menstruais, relacionados ao fígado ou a vesícula biliar, atua como estimulante ou mesmo na prevenção de espasmos durante alguns procedimentos, como a endoscopia.
Além disso, o óleo essencial de hortelã-pimenta é aplicado na pele para dor de cabeça, dores musculares e nos nervos, dor de dente, nas articulações, coceiras, erupções alérgicas, infecções bacterianas, virais e como repelente de mosquitos.
Popular na culinária e fácil de adicionar à dieta alimentar, ou mesmo de cultivar, a hortelã faz sucesso em diferentes receitas.
As folhas frescas podem ser adicionadas a saladas, sopas, como tempero para assados, batidas com sucos de frutas, no preparo de águas aromatizadas ou de chás.
O frescor da planta acrescenta, ao mesmo tempo, um sabor especial às sobremesas, em particular as preparadas com chocolate, além de ser um aromatizante saboroso para algumas bebidas alcoólicas.
O óleo essencial de hortelã é usado ainda pela indústria de cosméticos como fragrância na fabricação de sabonetes e cremes, e como agente aromatizante pela indústria farmacêutica. É muito comum o sabor da planta em pastas de dente e enxaguantes bucais, por exemplo.
A hortelã é contraindicada para gestantes, lactantes, pacientes com obstrução dos ductos biliares, pessoas com anemia, crianças menores de dois anos e pessoas com hipersensibilidade ao óleo essencial.
O consumo excessivo da planta pode provocar ainda contrações uterinas, falta de ar, atrapalhar o sono, diminuir a sensibilidade, e, em casos muito raros, causar asfixia em crianças e lactantes.
O óleo essencial de hortelã-pimenta quando não é diluído adequadamente, pode causar queimaduras químicas e lesões na pele, embora nenhum estudo aponte efeitos tóxicos em seu uso terapêutico. A dose diária oral máxima recomendada de óleo de hortelã-pimenta é de 1,2 ml (22).
Fácil de adicionar à dieta do dia a dia, a hortelã pode ser acrescentada a diferentes pratos ou mesmo usada para aromatizar água, sucos, bebidas batidas e alguns drinks.
No entanto, a maioria das pesquisas que confirmam os benefícios proporcionados por ela, aponta para utilização do óleo essencial como forma de aproveitar melhor as suas propriedades, que vão desde melhorar as funções cognitivas, a aliviar sintomas digestivos e de resfriados, o desconforto da amamentação e até o mau hálito.
Isso não exclui o consumo das folhas, ao contrário. A medicina natural, ou mesmo a popular, sempre utilizaram o chá preparado com elas para aliviar e curar uma diversidade de sintomas, provocados por diferentes condições, além é claro, do sabor que elas acrescentam a pratos doces e salgados.
É importante ficar atento para a utilização adequada do óleo essencial. Quando o uso for tópico, ele deve ser sempre diluído, ou pode causar queimaduras. Caso seja oral, a dose máxima recomendada é de 1,2 ml/dia.
O óleo essencial de hortelã-pimenta é bastante usado ainda na aromaterapia e ajuda aliviar sintomas de alguns transtornos emocionais, tais como depressão e ansiedade, provocados muitas vezes por fatores como o estresse, muito comum no mundo contemporâneo.
As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.