A vitamina B1, também conhecida como tiamina, é a primeira do Complexo B e possui diversas funções importantes para manter o funcionamento equilibrado do organismo, tais como regular gastos de energia, estimular o apetite ou auxiliar o metabolismo dos carboidratos.
Ela garante a saúde do sistema nervoso, pele, cabelos, olhos, boca e fígado, além de prevenir e auxiliar no combate aos sintomas do estresse, uma das doenças de maior ocorrência no mundo contemporâneo ou de outras crônicas, como o diabetes e a hipertensão, contribuindo ainda para a saúde cardiovascular.
Encontrada em pequenas quantidades em diversos alimentos, mas com maior concentração nos fígados, carne de porco, cereais integrais, centeio, gérmen de trigo, feijão, aspargos, cogumelos, alface, espinafre, atum, ervilhas, sementes de girassol, tomate, brócolis, arroz integral, aveia, amendoim, algumas castanhas e gema de ovo, é uma das vitaminas hidrossolúveis, ou seja, não permanece em nosso organismo por muito tempo e precisa ser diariamente resposta (1).
A tiamina pode também ser utilizada como suplemento nutricional. Uma vez absorvida pelo organismo, transforma os nutrientes dos alimentos ou suplementos em ATP, sigla de trifosfato de adenosina, uma molécula indispensável, responsável pelo transporte e liberação de energia para as células dos seres vivos (2).
Embora a maioria das pessoas não tenha uma deficiência grave da vitamina, as chances para que isso ocorra têm se agravado em decorrência dos sintomas provocados pelo estresse, por fatores como o aumento da incidência de doenças cardiovasculares em jovens e adultos, ou mesmo pelo envelhecimento (3).
Além de buscar diferentes fontes de alimentos, que garantam a reposição da vitamina B1, é igualmente importante saber reconhecer os sinais característicos de sua deficiência, manifestados pelo organismo.
A Bainha de Mielina é uma capa de tecido adiposo que protege as células nervosas, que são parte do sistema nervoso central e responsáveis por transportar as informações entre o cérebro e o resto do corpo. Se a bainha de mielina estiver danificada, pode resultar em perda de memória, movimento e habilidades de aprendizado.
A tiamina foi a primeira vitamina a ter uma função metabólica claramente definida como coenzima, derivados vitamínicos que auxiliam as enzimas em suas catálises (6).
Apesar disso, o mecanismo pelo qual a deficiência em tiamina resulta em lesões do sistema nervoso central ou periférico, ainda permanece obscuro. Além de funcionar como coenzima, ela parece também atuar na transmissão nervosa (7).
A vitamina B1 é essencial para manter um metabolismo saudável. Ao transformar os nutrientes dos alimentos ou suplementos em moléculas ATP, ela garante ainda uma distribuição mais uniforme do oxigênio liberado por elas, um processo muito importante principalmente no período de envelhecimento do corpo, quando a velocidade do metabolismo se torna mais baixa, acarretando em ganho de peso, fissuras nos calcanhares, desenvolvimento de celulite e queda de cabelo, entre outros.
Muito além de ser destinada para evitar resfriados ou gripes, embora também seja importante para esse propósito, a vitamina B1 é fundamental para reduzir a fadiga crônica que acompanha doenças autoimunes e inflamatórias, como a Síndrome da imunodeficiência adquirida – SIDA, ou nas alterações da tireoide (8, 9).
Todo o sistema cardiovascular depende da tiamina para funcionar eficientemente e permanecer saudável. Ela também é responsável por estimular a produção de um neurotransmissor conhecido como acetilcolina, encontrado no sistema nervoso central, que funciona como mensageiro entre os neurônios e os músculos, especialmente o cardíaco (10).
Um estudo, realizado em ratos de laboratório com deficiência de tiamina pelo período de dois meses, destacou uma diminuição de 60 por cento na síntese de acetilcolina, além de vários sintomas neurológicos (11).
Entre os benefícios mais conhecidos da vitamina B1, está a função de estimular a memória, garantindo mais concentração e rapidez no raciocínio. De acordo com diferentes pesquisas, ela contribui, inclusive, para a prevenção de doenças como o Alzheimer (12).
Já a deficiência da vitamina, por outro lado, pode causar lesões no cerebelo, que responde pela manutenção do equilíbrio, pelo controle do tônus muscular, dos movimentos voluntários e aprendizagem motora. Dependemos dele para caminhar, correr, pular, andar de bicicleta, entre outras atividades (13).
Um dos mais conhecidos inibidores de absorção de vitamina B1 é o abuso de bebidas alcoólicas. Alcoólatras gastam mais vitamina B1 no processo de desintoxicação do álcool, comem menos alimentos ricos na vitamina em função dos maus hábitos alimentares, têm problemas de absorção e a perdem mais pela urina e, por este motivo, são mais propensos ao desenvolvimento da síndrome de Wernicke-Korsakoff.
Uma forma incomum de amnésia que combina duas doenças: um estado de confusão aguda (encefalopatia de Wernicke) e um tipo de amnésia de longo prazo denominada síndrome de Korsakoff. A síndrome de Korsakoff se desenvolve em cerca de 80% das pessoas com encefalopatia de Wernicke não tratada, causada principalmente pelo consumo excessivo de álcool (14).
Além de estimular a produção do neurotransmissor acetilcolina, importante para a saúde do sistema cardíaco, a Tiamina é também responsável por incentivar a produção de outros, como a serotonina e a dopamina, que modulam o humor e são responsáveis pela sensação de bem-estar (15).
Estudos recentes indicam a importância da tiamina para a saúde ocular, inclusive na prevenção de doenças relacionadas ao nervo ótico, como glaucoma e cataratas.
Tanto em uma, quanto em outra, há uma interrupção da sinalização muscular e nervosa trocada entre os olhos e o cérebro. A vitamina B1 é capaz de estimular a retransmissão das mensagens, retardando ou evitando o desenvolvimento dessas doenças (16, 17).
Talvez esse seja um dos benefícios menos conhecidos da vitamina B1, mas ela ajuda a prevenir o diabetes tipo 1 e tipo 2, é o que apontam diferentes estudos, após observarem as baixas concentrações plasmáticas e a alta depuração renal de tiamina em pacientes diabéticos, em comparação com indivíduos saudáveis.
Sugerem ainda que a hiperglicemia em pacientes diabéticos poderia afetar a reabsorção da vitamina, diminuindo a ação de seus transportadores nos rins. Por outro lado, a deficiência de tiamina parece prejudicar a função endócrina normal do pâncreas e agravar a hiperglicemia.
Mostram que a síntese e secreção de insulina foram alteradas nas células pancreáticas endócrinas de ratos com deficiência de tiamina
Indicam ainda, que dosagens mais altas da vitamina – cerca de 300mg/dia, ajudaram a estabilizar os níveis de glicose e insulina e que ela pode aumentar a glicemia de jejum nos portadores do diabetes tipo 2 (18).
Diferentes problemas gastrointestinais podem surgir a partir da carência de várias vitaminas hidrossolúveis, entre elas a tiamina. A manutenção da vitamina B1 em sua dieta, garante não apenas uma redução desses problemas, mas também melhor saúde digestiva e da microbiota intestinal, já que ela interfere, ainda, no processo metabólico de ambos os órgãos (19).
A vitamina B1 é importante ainda para prevenir e combater diferentes tipos de anemia, alguns inclusive mais severos, como a anemia megaloblástica, quando além da redução dos glóbulos vermelhos, ocorre um aumento nos restantes. Os sintomas incluem desde perda auditiva ao desenvolvimento de distúrbios do diabetes, pele pálida, diminuição do apetite, falta de energia, dormências, dores de cabeça e diarreia.
É conhecida como “síndrome responsiva à tiamina”, exatamente por ser tratável com altas doses da vitamina, já que ela contribui para estimular a produção de glóbulos vermelhos (20).
Entre os diversos benefícios proporcionados pela vitamina B1, está a capacidade de criar um escudo protetor ao redor de mucosas protetoras de algumas partes do nosso corpo, como as dos olhos, narinas e lábios, tornando-as menos vulneráveis a invasões de bactérias e vírus quando ocorrem secreções de muco.
Evita, dessa maneira, a inflamação da mucosa, que pode acarretar no desenvolvimento de doenças crônicas como as PMM ou penfigoides da membrana mucosa, caracterizadas pelo surgimento de lesões bolhosas gradualmente progressivas e ascendentes nas mucosas, causando, na maioria das vezes, cicatrizes profundas ou a morte do tecido afetado (21).
Embora sejam poucas as pesquisas que apoiam a afirmação, de acordo com as medicinas natural e popular é também indispensável uma dieta rica em vitamina B1 para conter as picadas de mosquitos, em especial do Aedes aegypti. Seus diversos nutrientes atuam como um poderoso analgésico natural, aumentando também as células de defesa do corpo (22).
Ao contribuir para aumentar a circulação sanguínea, a vitamina B1, assim como outras integrantes do complexo B, desempenha também um importante papel como antioxidante, protegendo contra os efeitos do envelhecimento, beneficiando a saúde da pele, cabelos e unhas (23).
A deficiência da vitamina B1 é ainda apontada por diferentes estudos como uma das principais causas da hipertensão, um dos fatores causadores de alterações cardiovasculares. Sua adição diária à dieta alimentar, ao contrário, evita a deterioração vascular e ajuda a regular a pressão sanguínea
(24, 25).
A carência de tiamina pode ser observada em sintomas como letargia, irritabilidade, perda de memória, perda de sono ou apetite, perda de peso, indigestão ou prisão de ventre, sensibilidade muscular, principalmente na panturrilha, variação do humor, além de sentimento de confusão e perda de memória recente.
Quanto mais persiste a deficiência, piores os sintomas podem se tornar, influenciando diretamente na qualidade de vida, ou mesmo conduzindo a problemas mais graves de saúde como o beribéri, uma doença nutricional caracterizada por fraqueza muscular, problemas gastrointestinais ou dificuldades respiratórias (4).
Relatada há cerca de 1.300 anos, a doença tornou-se um problema de saúde pública no século XIX com a introdução do arroz polido. O fator de descarte da cutícula do arroz durante o seu polimento, que possui grande concentração da vitamina, foi apontado como uma das causas. Mesmo praticamente erradicada, ainda é comum em algumas regiões do mundo, em especial, entre os povos que possuem dietas ricas em carboidratos.
A deficiência da vitamina está associada ainda à Síndrome de Wernicke-Korsakoff, uma grave síndrome neuropsiquiátrica, frequentemente causada pelo consumo excessivo de álcool e pela má alimentação.
A importância da tiamina é tão grande, que a Dietary Reference Intakes (DRI), ou ingestão dietética de referência, elaborada pelo comitê de alimentação e nutrição para o corpo do Instituto de Medicina dos Estados Unidos, recomenda uma dose diária de com 1,1 mg para mulheres e 1,2 mg para homens (5).
As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.