Diabetes é uma doença silenciosa e cada vez mais comum. Muitas pessoas podem passar anos sem saber que tem o problema. Porém, quando não tratada, ela é muito perigosa. Uma projeção feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a diabetes será a sétima causa de mortes no mundo em 2035 (1).
Atualmente, mais de 422 milhões de pessoas têm diabetes, segundo a OMS (2). No Brasil, o número de casos teve um crescimento de 61,8%, de acordo com o Ministério da Saúde (3). Esses dados são preocupantes, mas saiba que é possível melhor a situação em busca de uma vida mais saudável.
O primeiro passo é entender o que é diabetes e como a doença se manifesta no organismo. O problema acontece no metabolismo da glicose e esta substância acaba acumulando na corrente sanguínea. Para a glicose ser absorvida pelas células é preciso a presença da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas.
A diabetes do tipo 1 ocorre quando o órgão produz pouco ou nenhuma quantidade de insulina e é mais comum durante a infância. Já na do tipo 2, as células passam a ser resistentes à ação do hormônio por causa do excesso de glicose no organismo.
Em ambas as situação, é imprescindível o acompanhamento médico e uso de medicação. Fora de controle a doença causa diversas consequências graves, como problemas cardíacos, nos rins e articulações (4).
Por outro lado, mudanças de hábitos são importantes para quem recebeu o diagnóstico da doença. A prática de exercícios físicos moderados de forma regular, ao menos 30 minutos por dia, é uma das recomendações.
Além disso, é necessário ficar atento quanto aos alimentos que diabéticos devem evitar. Confira abaixo a relação deles e quais são os motivos para pensar duas vezes antes de consumir esses produtos.
De forma geral, quem é diabético deve evitar alimentos que contém muito açúcar ou que são ricos em carboidratos, já que a glicose é o componente básico das duas substâncias.
Mesmo que seja feito o controle por meio de remédios, a pessoa não deixa de ter diabetes. Assim, se comer demais açúcar e carboidrato, o nível de glicose no sangue vai aumentar.
Só que no caso do suco de fruta concentrado, além da glicose está presente a frutose, um carboidrato que em excesso pode elevar o risco de doenças como diabetes, síndrome metabólica e problemas cardiovasculares (5).
As versões industrializadas dos sucos contêm muita frutose, mas saiba que o natural também. No entanto, sucos de caixinha e concentrado têm mais quantidade de açúcar se comparado ao natural (6 e 7). O primeiro tem cerca de 22 gramas de açúcares (em uma porção de 240 gramas) e o segundo tem 20 gramas (em 248 gramas).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma dieta saudável deve conter até 25 gramas de açúcar. A OMS ainda alerta que suco de fruta natural e concentrado pode tem uma quantidade elevada da substância e, portanto, o consumo deve ser moderado (8). Para quem tem diabetes, a indicação é evitar esses tipos de produtos.
O pão francês de farinha branca é um alimento comum no café da manhã dos brasileiros e geralmente vem com manteiga ou requeijão e acompanhado de café com leite. O problema é que este pãozinho é rico em carboidratos. Em excesso, essa substância pode levar a uma condição de resistência à insulina e pré-diabetes (9).
Outra questão importante é que a farinha branca é menos benéfica para a saúde do que a integral. Isto por que, durante o processo de refinamento grande parte dos nutrientes acabada sendo perdido, o que garante o aspecto mais fino e claro.
Um estudo feito na China mostrou que o elevado consumo de grãos refinados e carboidratos está associado com um aumento do risco de doenças no coração em pessoas que não tinham histórico desses problemas na família (10).
Quem já tem ou apresenta pré-disposição a ter diabetes e problemas cardíacos deve comer menos pães e produtos feitos com farinha branca. A melhor opção é escolher os integrais e ficar de olho no rótulo para ter certeza de que não é adicionado açúcar. E se for comer a versão com grãos refinados, vale a pena inserir fibras para deixá-los mais saudáveis.
Assim como o suco de fruta concentrado, bebidas com muito açúcar também é um dos alimentos que diabéticos devem evitar. Assim, corte da alimentação refrigerantes e chás industrializados e com sabor. Apenas 100 ml de refrigerante pode ter cerca de 11 gramas de carboidratos, sendo todos açúcares (11).
O chá de limão, por exemplo, muitas vezes considerado uma opção mais saudável do que o refrigerante, também não é indicado. Em 240 ml desse produto, por exemplo, estão presentes 21 gramas de carboidratos, mas todos açúcares (12).
Uma pesquisa feita com adultos obesos que ingeriam 25% das calorias da alimentação por meio de bebidas com muito açúcar apresentavam aumento da resistência à insulina e da gordura visceral, além de uma piora na saúde cardiovascular (13).
Como alternativa, escolha bebidas de baixo valor energético e de carboidratos. Consuma mais água ou chás sem açúcar.
Frutas secas e cristalizadas muitas vezes são recomendadas como lanches saudáveis entre as refeições. Embora comer esse tipo de alimento pode ajudar a saciar a vontade de comer doces, a maioria deles contém muito açúcar e não são indicados para pessoas que têm diabetes.
No processo para fazer frutas secas ou cristalizadas ocorre a concentração das vitaminas e minerais, substância importantes para a saúde. Porém, os níveis de açúcar também são maiores.
Alguns tipos de uva passa, por exemplo, podem conter 341 calorias e cerca de 83 gramas de açúcar em uma porção de 100 gramas (14). O valor de açúcar é mais do que o triplo recomendado pela OMS.
No lugar das frutas cristalizadas e secas, uma boa alternativa é consumir frutas e vegetais frescos, já que a ingestão deles está associada com uma diminuição do risco de desenvolver diabetes do tipo 2 (15).
Mas, se você tem diabetes, lembre-se de dar preferência para frutas menos doces, como maça e abacate, por exemplo. Comer uma maçar por dia pode inclusive ajudar a reduzir os níveis de mau colesterol no sangue (16).
O grande problema do álcool está relacionado ao exagerado. Consumir uma taça de vinho ou uma latinha de cerveja por dia não vai prejudicar a saúde desde que o estilo de vida seja saudável, com prática de exercício e boa alimentação. E isso vale tanto para quem deseja evitar quando para aqueles que já têm diabetes.
Uma análise feita em 2005 e publicada no Diabetes Cares sugere que pessoas que consomem álcool moderadamente (até 48 gramas por dia) têm 30% menos chances de desenvolver diabetes em comparação com aqueles que consomem em excesso (17).
Para a Associação Americana de Diabetes, a recomendação é de até 1 dose de bebida alcoólica por dia para mulheres e duas para homens (18). Diabéticos podem seguir a mesma orientação.
Geralmente, pessoas com diabetes buscam alternativas para o consumo de açúcar e acabam utilizando adoçantes naturais, como mel ou agave, por exemplo. Porém, é importante lembrar que esses produtos também têm altas doses de carboidratos a composição.
Uma colher de sopa de mel (cerca de 20 gramas) tem 60 calorias e 17 gramas de açúcar (19). No caso do açúcar comum, uma medida de 20 gramas tem 60 calorias e 20 gramas de açúcar (20). Isso mostra que a diferença entre eles em termos de quantidade de açúcar é pouco expressiva.
Além disso, uma pesquisa mostrou que o aumento do nível de glicose no sangue e de insulina é o mesmo para quem escolhe consumir mel ou açúcar comum (21).
Existem uma série de pesquisas demonstrando a relação do consumo de café com um menor risco de desenvolver diabetes do tipo 2 (22).
Outro estudo, publicado no The British Medical Journal, ainda ressalta que tomar de três a quatro copos de café por dia pode ajudar na diminuição de doenças cardiovasculares e de morrer por causa delas. O mesmo consumo está associado com um risco 18% menor de desenvolver câncer.
Porém, para diabéticos, é importante ficar atento quanto aos produtos à base de café, como cappuccinos e bebidas doces. Um frappuccino, preparado com café, leite, chantilly ou com caramelo e chocolate, pode ter até 46 gramas de açúcar na composição (23).
Dessa forma, por ter uma grande quantidade de açúcar, o produto deve ser evitado por diabéticos.
Quem é que já não passou pela situação de no meio da tarde tomar um café acompanhado de biscoito ou salgadinho? Esse tipo de petisco pode ser muito comum porque é prático: basta abrir o pacote e comer. E, além disso, é fácil encontrar em todo o lugar e o preço é razoavelmente barato.
Mas, antes de comprar esses produtos, dê uma olhada no rótulo e você vai ver que eles são ricos em carboidratos. Portanto, devem ser evitados por quem tem diabetes. Cerca de 100 gramas de biscoitinho sabor queijo pode ter aproximadamente 60 gramas de carboidratos (24).
Outro problema é que o rótulo nem sempre traz as informações claras e precisas. Muitas vezes os nutrientes são difíceis de entender e as quantidades também. Alguns pacotes trazem valores nutricionais de acordo com uma porção que é menor do que é oferecido.
De acordo com um estudo americano, esses petiscos fornecem 7,7% carboidratos a mais do que está descrito no rótulo (25). Se quer ter uma alimentação saudável ou se precisa controlar a diabetes, melhor evitar este tipo de alimento.
A batata é um dos alimentos com maior quantidade de carboidrato, com cerca de 58 calorias e 12,5 gramas de carboidratos em 100 gramas. Ela pode ser consumida moderadamente por quem tem diabetes e faz parte de uma alimentação equilibrada.
No entanto, a versão frita deve ser evitada por conter certas substâncias que provocam inflamação e aumentam a incidência de certas doenças (26).
O excesso de batata frita ou de fritura na alimentação pode elevar as chances do aparecimento de doenças crônicas, problemas no coração, hipertensão, obesidade e, inclusive, diabetes.
Comer porções pequenas de batata cozida ou utilizar a batata doce são boas sugestões para quem não quer cortar o alimento da dieta.
A granola é associada com uma alimentação saudável. Porém, você sabe do que ela é feita? A mistura geralmente traz aveia, nozes, frutas secas, certo tipo de óleo e mel. Com isso, alguns produtos têm mais de 17 gramas de açúcar em uma porção de 100 gramas (27).
É necessário ficar atento quanto ao que está escrito nos rótulos das granolas industrializadas, pois muitas delas trazem mais açúcar do que o desejado. Quem é diabético precisa ter mais cuidado ainda ao escolher este produto. A melhor indicação é evitar o consumo de granola ou dar preferência por aquelas que são feitas sem adição de adoçantes, sejam naturais ou artificiais.
Vale lembrar que o tipo de açúcar presente nesse produto é a frutose que, em excesso, aumenta o risco de desenvolver não só diabetes como obesidade, síndrome metabólica e gordura no fígado (28).
O iogurte pode ser uma excelente opção para quem tem diabetes, desde que não seja aquele tipo com sabor de fruta, já que a quantidade de açúcar presente neles é elevada. Cerca de 230 gramas desse produto tem 22 gramas de carboidratos, sendo 19 apenas de açúcar (29).
As versões com baixa quantidade de gordura também trazem açúcar em sua composição. Isso acontece por que, ao retirar parte mais gordurosa do leite, é preciso deixar o produto mais adocicado para garantir o sabor e a consistência característica do iogurte.
Por este motivo, a melhor opção é inserir o iogurte integral na alimentação, em quantidades moderadas. O consumo deste alimento ajuda no controle da fome, tem ação probiótica e contribui para a manutenção de um peso saudável (30).
Por fim, lembre-se de que uma alimentação regrada é fundamental para o controle da diabetes, mas a prática de exercícios físicos também é essencial. Além disso, faça acompanhamento periódico com médico e siga corretamente a orientação prescrita.
As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.